A cidade de Igaratá vive um clima de crescente insatisfação popular e insegurança política. O prefeito Gabriel Gomes Prianti de Jesus, eleito em 2024 por uma margem apertada de apenas 42 votos, segue no comando do Executivo mesmo sendo alvo de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que apura fraude eleitoral, abuso de poder político e econômico, boca de urna e compra de votos.
Apesar da gravidade das acusações, o processo eleitoral está suspenso por determinação da 115ª Zona Eleitoral de Santa Isabel, que aguarda o desfecho do Inquérito Policial nº 060010-40.2024.6.26.0933. A decisão foi assinada pelo juiz eleitoral substituto Sandro Cavalcanti Rollo, que justificou a paralisação afirmando que as investigações criminais em curso podem conter provas determinantes para o julgamento da AIJE.
Processo criminal avança e provas se acumulam
Enquanto o processo eleitoral segue parado, o inquérito criminal tramita normalmente. Fontes ligadas às investigações indicam que já existem provas contundentes capazes de sustentar o afastamento do prefeito, caso sejam confirmadas no âmbito judicial. Esses elementos incluem registros, testemunhos e materiais apreendidos que, segundo relatos, reforçam as suspeitas de práticas ilícitas na campanha de 2024.
A indignação nas ruas
A suspensão do processo eleitoral vem gerando forte indignação entre os moradores, que veem na demora um risco direto à justiça e à lisura do processo democrático. Muitos temem que, com o passar do tempo, provas se enfraqueçam ou sejam descartadas, dificultando uma eventual cassação.
“É revoltante. Enquanto a Justiça espera, a cidade sofre. Ele continua no cargo como se nada tivesse acontecido, e novas irregularidades aparecem todo dia”, desabafa um comerciante local, que preferiu não se identificar.
Novas denúncias e clima de instabilidade
Segundo relatos que circulam na cidade e nas redes sociais, desde que assumiu o cargo, Prianti e sua equipe estariam envolvidos em supostos favorecimentos políticos, contratações sem transparência e uso da máquina pública para reforçar a base de apoio. Nenhuma dessas denúncias, porém, foi ainda formalmente julgada, o que aumenta a sensação de impunidade.
Lideranças comunitárias afirmam que a administração estaria priorizando interesses eleitorais e políticos em detrimento das necessidades da população, deixando áreas essenciais, como saúde e infraestrutura, em segundo plano.
Vitória apertada e risco de nulidade
O cenário é ainda mais delicado pelo fato de Prianti ter sido eleito com uma diferença mínima — 42 votos. Em casos de condenação por fraude ou abuso de poder, a Justiça Eleitoral pode anular o diploma e convocar novas eleições, alterando totalmente o cenário político do município.
Cobrança por celeridade
Movimentos civis e políticos de oposição têm cobrado que o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) acompanhe o caso de perto e adote medidas para acelerar o julgamento. Para eles, o tempo se tornou o maior aliado do prefeito.
“O que vemos hoje é uma cidade sendo governada por alguém que está sob suspeita grave, enquanto a Justiça assiste de longe. É preciso agir agora para proteger a democracia local”, afirmou um ex-vereador.
Próximos passos
O processo eleitoral aguarda a conclusão do inquérito criminal conduzido pela 332ª Zona Eleitoral de Osasco. A expectativa é de que, com o encerramento das investigações, o julgamento da AIJE seja retomado, decidindo o futuro político de Gabriel Prianti e, possivelmente, o próprio rumo de Igaratá.