quinta-feira, setembro 11, 2025
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Cem anos do rádio no Brasil: o nascimento do radiojornalismo

Basta um celular e um bom repórter. A combinação desses dois elementos, ligados a uma emissora de rádio, transporta o ouvinte para o local da notícia, no momento em que o fato acontece. Sem grandes estruturas, sem necessidade de publicar. O jornalismo de rádio é o rei do imediatismo. E sua história se confunde com os principais acontecimentos políticos que moldaram o país.

Do impresso ao falado
No início, era o jornal impresso. Na década de 1920, esse era o meio de informação reinante na sociedade antes do rádio e da televisão – mesmo se tratando, à época, de um país com 65% de analfabetismo na população de 15 anos ou mais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E foi o jornal que, mesmo depois do início das transmissões regulares de rádio no Brasil, continuou dando o tom das notícias. Mas, agora, ele era lido para quem pudesse ouvir.

Foi na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que entrou no ar em 1923 e é tida como a primeira emissora oficial do país, que o radiojornalismo teve início. Com papel essencialmente educativo, a rádio também reservou lugar para informações jornalísticas. Roquette-Pinto, fundador da Sociedade e intelectual de múltiplas formações, apresentava os noticiários – o primeiro deles o Jornal da Manhã.

Nessa época, no entanto, não havia produção própria de notícias para o rádio: a fonte era o impresso. As reportagens eram lidas no ar por Roquette-Pinto, como posteriormente foi feito por outras emissoras na fase dos jornais falados. No caso dele, porém, com sua ampla bagagem cultural e interesse por diversas áreas do conhecimento, o conteúdo extrapolava as linhas impressas e ganhava contexto nas ondas do rádio.

“Era a partir da leitura dos jornais, mas ele complementava com informações que ele buscava e entrevistas que fazia. Ele procurava contato com as fontes das notícias dos jornais. Então a gente pode identificar o Roquette-Pinto como um dos precursores da reportagem radiofônica”, afirma a coordenadora da Rede de Pesquisa em Radiojornalismo e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Valci Zuculoto.

O rádio também marcou o processo eleitoral de 1960.
Um momento emblemático da cobertura jornalística do país é o levantamento feito em 1960, em uma combinação de esforços da Rádio Nacional com a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, em torno das eleições presidenciais que culminaram com a eleição de Jânio Quadros para presidente e João Goulart para vice. A Rádio Guaíba tinha feito uma cobertura intensa das eleições do Rio Grande do Sul, em 1958 – trabalho comandado pelo jornalista Amir Domingues, primo e cunhado de Heron Domingues, da Rádio Nacional. Dois anos depois, as duas emissoras, então, articularam a cobertura nacional a partir do que havia sido feito pela Guaíba. Profissionais percorreram o país inteiro para estabelecer que tipos de circuitos e ondas de rádio poderiam ser usados para transmissão de dados para fazer uma apuração paralela à da Justiça Eleitoral. “É um marco do jornalismo numa época em que a televisão já estava presente, mas não tinha se desenvolvido ainda”, pontua o professor Luiz Artur Ferraretto.

*Com informações de Agência Brasil

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