Em discurso realizado neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o Fórum Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) lidere a governança da inteligência artificial e intensifique o diálogo sobre temas como trabalho decente em mercados emergentes e a agenda de saúde, abrangendo vacinas e direitos sexuais e reprodutivos. Segundo o presidente, o Ibas, que teria passado por um período de estagnação, pode ser revitalizado através da liderança em questões internacionais de relevância.
A declaração ocorreu durante a reunião de líderes do Ibas em Joanesburgo, África do Sul, paralela à Cúpula de Líderes do G20. O Fórum Ibas, criado em 2003, visa fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global.
O presidente enfatizou a vocação de Índia, Brasil e África do Sul para conciliar soberania, autonomia, desenvolvimento, democracia e direitos humanos, destacando essa capacidade como a principal contribuição do Ibas para a ordem internacional.
Lula sugeriu que o Ibas explore a agenda multilateral de saúde, promovendo o debate sobre acesso a medicamentos, vacinas e insumos. Ele também ressaltou a possibilidade de diálogo aberto sobre direitos humanos, equidade de gênero e direitos sexuais e reprodutivos, assim como o combate ao extremismo e a defesa da democracia.
O presidente também propôs que a atuação de sindicatos e organizações não-governamentais inspire o debate sobre participação social e os desafios do mundo do trabalho em mercados emergentes, incluindo uma governança global da inteligência artificial que impulsione o desenvolvimento equitativo das nações.
Lula lembrou que os líderes do Ibas não se reuniam desde 2011, defendendo a importância de encontros regulares de alto nível. Ele propôs que a coordenação do fórum nos temas do Sul Global se reflita em outras instâncias internacionais, como o G20, as Nações Unidas e o Brics.
O presidente questionou o papel do Ibas na conjuntura atual, sugerindo um diálogo com novas democracias do Sul Global, como México, Quênia ou Malásia. Para Lula, o Ibas não deve duplicar as agendas do Brics, mas sim focar em sua identidade e aptidões próprias como grandes emergentes do Sul Global e democracias.
O presidente citou o Fundo Ibas como exemplo de cooperação Sul-Sul eficaz, mencionando que a iniciativa financiou 51 projetos em 40 países e foi precursora da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Além da participação na Cúpula do G20, onde discursou sobre crescimento econômico, mudanças climáticas, minerais críticos, inteligência artificial e trabalho decente, Lula também se reuniu com o presidente da África do Sul e o primeiro-ministro da Alemanha. O presidente segue para Moçambique, onde realizará uma visita de trabalho para celebrar os 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
