Santa Isabel vive um paradoxo: enquanto a Prefeitura promove melhorias pontuais na iluminação com a instalação de lâmpadas LED em algumas regiões, grande parte da população ainda sofre com a precariedade do serviço. Ruas escuras, praças abandonadas e pontos de ônibus sem iluminação são queixas frequentes dos moradores, especialmente nos bairros mais afastados. Apesar desse cenário, o prefeito Carlos Augusto Chinchilla Alfonzo decretou um aumento expressivo de 28,26% na Contribuição de Iluminação Pública (CIP), onerando ainda mais os contribuintes.
A medida foi oficializada no *Decreto nº 7.340, de 20 de março de 2025*, que estabelece os novos valores da CIP para residências, comércios, indústrias e órgãos públicos. O aumento, segundo a justificativa do governo municipal, busca cobrir os custos crescentes da manutenção do serviço e viabilizar sua ampliação. No entanto, para os moradores, essa elevação no tributo chega sem que as melhorias prometidas sejam efetivamente sentidas no dia a dia.
*Bairros no escuro e insegurança crescente*
Os problemas relacionados à iluminação pública em Santa Isabel vão muito além da necessidade de atualização tarifária. Em diversas regiões da cidade, principalmente nos bairros periféricos, moradores relatam quedas frequentes de energia e postes que ficam apagados por semanas sem manutenção. Praças, ruas e pontos de ônibus sem iluminação adequada são fonte constante de insegurança, especialmente para trabalhadores que retornam para casa à noite.
A moradora Rosângela Ferreira, do bairro Ouro Fino, expressa sua indignação com a decisão da Prefeitura: “A gente já paga essa taxa e continua vivendo no escuro. Aqui no bairro, tem poste sem luz há meses e ninguém faz nada. Agora, aumentar mais 30% na nossa conta? Isso é um absurdo”. O sentimento é compartilhado por comerciantes do centro da cidade, que também reclamam de oscilações na rede elétrica que afetam suas atividades.
*Justificativa da Prefeitura não convence*
Na justificativa para o reajuste, a Prefeitura argumenta que os valores da CIP não eram atualizados desde 2015 e que o aumento visa equilibrar os custos com a conta de energia pública, que sofreu reajustes ao longo dos anos.
Contudo, os críticos apontam que a arrecadação adicional da CIP deveria vir acompanhada de um plano concreto de melhorias. “Se os bairros continuarem no escuro, para onde esse dinheiro está indo?”, questiona o líder comunitário João Batista.
*Aumento sem debate com a população*
Outro ponto que gerou descontentamento foi a falta de transparência e participação popular na decisão. O aumento foi determinado por decreto do Executivo, sem consulta pública ou debate na Câmara Municipal. Para os moradores, a Prefeitura deveria ter promovido audiências para discutir a necessidade real do reajuste e, principalmente, apresentar soluções efetivas para os problemas enfrentados pela população.
Diante das críticas, espera-se que a administração municipal apresente um plano claro de investimento na iluminação pública para justificar a elevação da CIP. Caso contrário, o aumento será visto apenas como mais um peso no bolso do contribuinte sem o devido retorno em qualidade de serviço.
Enquanto isso, as ruas continuam escuras, a insegurança cresce, e a população se sente, mais uma vez, esquecida pelo poder público.