O ex dublê David Leitch e agora diretor de sucesso em filmes de ação como, John Wick, chega agora com o longa Trem-Bala (2022).
Na trama o mercenário vivido por Brad Pitt é contratado para furtar uma mala dentro do trem-bala, que atravessa o Japão.
A mala é levada na viagem por dois matadores (Aaron Taylor-Johnson e Brian Tyree Henry) que deverão entregá-la no ponto final da viagem, ao maior chefe da máfia japonesa, um homem misterioso e violento cuja história se conecta com a dos demais coadjuvantes a bordo. Vale destacar que o diretor Leitch foi dublê de Brad Pitt em seis filmes, então é como se Trem-Bala sacramentasse a carreira do cineasta com esse reencontro.
Aliás, Brad Pitt assume no longa uma persona desleixada e fica bem a vontade com isso. O personagem incorpora isso em vários aspectos e detalhes, que vão desde o tênis tipo All-Star e o sobretudo folgado, até a sua decisão de não mexer mais com armas de fogo.
Com discurso meio zen e desconstruído, marcando o esteriótipo do matador em fim de carreira, Trem-Bala opera num nível consciente de galhofa que é crucial para seu possível sucesso. Mesmo sendo bem mais econômico na pancadaria em comparação com John Wick, as cenas de ação explícitas são palpáveis e convincentes.
Livre dos fundos digitalizados, que se tornaram praxe nas produções atuais de Hollywood, Leitch encena tudo em cenários reais, que são os vagões do trem, e quando a ação é transferida para o lado de fora, é mantida a preocupação em se trabalhar com cenários que simulem um mundo táctil, tangível.
O filme aborda uma intrincada rede de relações que envolve uma dezena de personagens, no presente e no passado, o que deixa a narrativa um tanto complicada para o entendimento do expectador.
Não é difícil ver em Trem-Bala uma semelhança com Kill Bill (2003-2004), de Quentin Tarantino, nesses momentos, não só pela narrativa, mas também por toda a trama movida a vingança.
David Leitch transparece ter influência Tarantino. Quando Pulp Fiction, também dirigido por Quentin, saiu em 1994, Leitch começava em Hollywood seu trabalho de dublê. Não é de espantar que ele trate então como um troféu, neste quinto longa, que recicla e segue muito a linha de produção e direção de Tarantino.
No geral, o longa teve uma classificação boa dos críticos e para os fãs de filmes de ação sem descanso, com essa pegada um tanto cômica e cheia de ironias, vale a pena conferir Trem Bala nas telonas.